terça-feira, 12 de setembro de 2017

VÍDEO-ÁRBITRO

Quem goste de bola sabe que este ano será um ano diferente de todos os outros. A razão para que assim seja justifica-se pela adopção do vídeo-árbitro. Consiste este na possibilidade de decidir em tempo real sobre a legalidade ou ilegalidade de um lance. Uns tipos numa cabine são pagos para assistir ao jogo, analisando lances polémicos e comunicando ao árbitro de jogo os seus veredictos. Noutros tempos, passávamos semanas inteiras a discutir as mesmas imagens sem chegar a qualquer conclusão. Mesmo árbitros e ex-árbitros manifestavam dúvidas e contradições na avaliação de certos lances. Agora há uns especialistas que conseguem, por artes mágicas, decidir em segundos da legalidade do que sem a sua interferência seria para sempre duvidoso. Não sou nem deixo de ser adepto do vídeo-árbitro, é-me indiferente. Quem gosta desta inovação olha geralmente para o futebol de fato e gravata, chamam-lhe indústria do futebol e preocupam-se com uma suposta verdade desportiva como se ela não fosse há muito um mito. Que verdade desportiva poderá haver quando um jogador de futebol é transferido de clube por 220 milhões de euros? O espectáculo há muito que deixou de ser o jogo em si, é o universo das apostas e a loucura das transferências. Varrida para um canto, a verdade desportiva nada interessa. O dinheiro comanda cada vez mais a existência desse desporto que deixou de ser desporto para passar a ser mero negócio, com os seus empresários e comentadores de fato e gravata. Uma nojeira. 

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